domingo, julho 29, 2007

Como se honra um poeta!

Após voltar para minha casa depois de receber a notícia a insônia me acompanhou. O sono não vinha e resolvi pensar em outra coisa e passar o tempo. Peguei um livro e deitei. O livro no caso era “Poesia completa de Alberto Caeiro”, para quem não conhece trata-se do mais metafísico dos heterônimos de Fernando Pessoa. Pois bem, me deparei com alguns poemas como; “É talvez o último dia de minha vida/ Saudei o sol, levantando a mão direita/ Mas não o saudei, dizendo-lhe adeus/fiz sinal de gostar de o ver ainda, mais nada” ou ainda “Medo da morte?/ Acordarei de outra maneira,/Talvez corpo, talvez continuidade, talvez renovado,/Mas acordarei/Se até os átomos não dorme, por que hei-de ser eu só a dormir?”, “o meu olhar azul como o céu/ É calmo como a água ao sol (..).”
Fiquei pensando que meu tio/padrinho/pai era alguém que sabia ver as coisas.. sabia olhar pra elas e ver o que apenas eram. Pensei então em levar ao velório uma série de poemas, uma carta e declamá-los aos quatro ventos como forma de homenagem e despedida. Lembrei-me então de outro poeta, Vladimir Maiakovski. Que no seu poema mais famoso dizia: “E levam versos velhos ao velório/ Sucatas de antigas exéquias/ rimas gastas (..)/ E é assim que se honra um poeta?” Não, não é. E que ninguém duvide que meu tio foi um poeta.
Um Poeta não apenas escreve versos, não é isso que o define. Um Poeta se define pelo olhar, por como vê as coisas, como lida com elas. Meu tio foi um Poeta em todo o sentido da palavra. Pra mim, só tem um jeito de se honrar um Poeta, dando razão a ele. Por isso não fui ao velório. Quero homenageá-lo honrando a Vida. Honrando sua lembrança. Não posso honrar um Poeta cantando a morte. Não um Poeta que sempre cantou a Vida. Ele sempre amou viver e viveu bem, maravilhosamente bem. Sempre soube olhar pra todas as coisas. O que tenho que fazer agora é tentar aprender a olhar, tentar entender um pouquinho todo o legado que ele deixou e tocar minha vida. Não posso deixar que todo investimento que ele fez em mim simplesmente desapareça... Dando razão a ele... e assim se honra um Poeta!

segunda-feira, julho 09, 2007

Por que parar....

Parar porque quando se vai até o osso, não sobra carne pro dia seguinte. Porque as vezes é melhor deixar sobrar pra se lembrar do que passar mal pelo excesso.

Isso nunca tinha acontecido comigo. Não de fato... já falei que sim, mas era mentiiiira. Na maquiagem, a gente usa o iluminador até o ponto alto. Depois para, porque senão as falhas se acentuam e ninguém quer falhas acentuadas.

Tem dias em que vale mais a pena voltar pra casa imaginando o que poderia ter sido. Ou pelo menos é o que eu acredito porque levar às últimas consequências sem certeza custa caro e eu já paguei o preço.

A vida é curta, mas não tanto quanto a falsa sensação de uma breve vitória.

A condição da efemeridade não pode ser levada à consequência em toda e qualquer ocasião. Desta vez estou pensando no seguinte: a vontade pode ser mais enriquecedora do que a conquista.

E é nesse plágio de mim mesma que me pergunto: carpe diem? Sim, tempus fugit, mas olhe bem... veja os pormenores antes. Um dia só é um dia porque teve um antes, vai ter um depois e, assim como todos, vai ser feito de pequenas coisas, dúvidas e sensações que se fazem perguntar.